Transtorno alimentar é todo comportamento anormal observado na relação que o ser humano desenvolve com sua alimentação. Geralmente, a pessoa se alimenta de forma prejudicial, estando sujeita a complicações que podem aparecer a curto, médio e longo prazo.
É inegável que os transtornos alimentares causam intenso sofrimento. E quando eles se iniciam na infância trazem uma carga ainda mais expressiva de prejuízos psicológicos. Isso porque muitos fatores podem estar por trás da relação ruim que a criança passa a ter com a comida. Por isso, existe a urgente necessidade de um olhar extremamente cuidadoso, atencioso e empático para a criança com transtorno alimentar: estamos falando de uma faixa etária caraterizada pela vulnerabilidade, e que precisa ser guiada frente às suas escolhas.
Quais são os sinais da compulsão alimentar infantil?
É mais frequente na infância. Porém, ainda há uma tendência à desvalorização das necessidades infantis. Ou seja, os sinais que as crianças nos transmitem tendem a ser silenciados ou ignorados. Contudo, quanto mais cedo é feito o diagnóstico, melhores as chances de reversão do quadro e minimização dos prejuízos orgânicos, como ganho de peso excessivo e alterações metabólicas e cardiovasculares, por exemplo.
Nesse sentido, são alguns sinais da compulsão alimentar infantil:
- Se alimentar mais rápido do que outras crianças da mesma idade;
- Mastigar de forma ineficiente (ou seja, engolir os alimentos sem mastigá-los corretamente);
- Realizar refeições sem horários definidos, muitas vezes ao dia e durante a noite;
- Dificuldade em sentir-se pleno(a) ou saciado(a) ao terminar de comer;
- Sentir-se angustiado(a) ou culpado(a) ao terminar de comer;
- Alimentar-se escondido;
- Ingerir grandes quantidades de alimentos (maior do que o esperado e/ou necessário, de acordo com a idade e o estilo de vida da criança).
É também muito importante ressaltar que, diferente de outras faixas etárias, a criança não costuma ser autônoma frente às suas necessidades e seus desejos. Trocando em miúdos, a inserção social, regional e cultural da criança e sua rotina familiar, o poder aquisitivo de seus cuidadores e a forma como a família lida com a alimentação, contam mais do que simplesmente o desejo compulsivo.
Por fim, é importante destacar que muitas das crianças que desenvolvem uma relação patológica com a comida e passam a se alimentar de forma compulsiva, podem estar desatentas na hora de se alimentar (há, por exemplo, o desvio da atenção da refeição para as telas), demonstrar impaciência para comer ou dificuldade em lidar com o “não” frente a pedidos de certos alimentos, além de ficarem irritadas se deixam de se alimentar por curtos períodos. Ainda, algumas crianças podem fazer combinações alimentares inusitadas, e demonstrar ansiedade e sentimento de culpa frente a isso.
Como ajudar as crianças compulsivas?
Para ajudar as crianças, é preciso compreender quais são os fatores que levam cada uma delas ao comer compulsivo na infância. Nesse sentido, o apoio de um profissional de psicologia e o acompanhamento feito por nutricionistas são fundamentais.
Alguns motivos que podem levar as crianças a desenvolverem a compulsão alimentar infantil são:
Uso da comida como recompensa ou punição
Tratar alimentos como prêmios ou punições para crianças pode ter um efeito devastador nos hábitos alimentares. Considere, por exemplo, que as sobremesas sejam usadas como atrativos para o consumo de legumes e verduras. É mais provável que as crianças prefiram alimentos com alto teor de açúcares e gorduras ao consumo de alimentos saudáveis nas refeições, não é mesmo? Nesse sentido, a recompensa passa a ser ultra valorizada e vista como um objeto de desejo, desencadeando distúrbios de percepção frente à comida.
Insegurança afetiva
Crianças que se sentem seguras com seus pais ou cuidadores têm menor tendência a desenvolver uma relação compensatória com a comida. Isso porque elas lidam melhor com instabilidades emocionais e estresse, por exemplo.
Crenças familiares negativas frente ao peso
Pessoas que se preocupam em demasia com seu peso e o peso de suas crianças, geralmente verbalizam e ensinam a verbalizar estereótipos relacionados ao consumo alimentar.